domingo, 20 de setembro de 2009

(l)


ENSAIO AOS VÍCIOS

escrevo agora como em jeito de catarse, sabes como gosto de testar o kerouac, esta prosa espontânea de carne e de vísceras e de dedos matraqueando o teclado, escrevendo acompanhando a velocidade dos impulsos eléctricos que se me derivam do cérebro pelo corpo abaixo por estas tentaculares terminações dos membros superiores até ao movimento das falanges em amontoado de letras. tentarei não me subjugar ao lápis azul, ou seja, não voltarei atrás a corrigir seja o que fôr. não farei revisão não. serei um lobo antunes sem qualquer tipo de pontuação, serei um saramago em correria de frases e de diálogos. mesmo não existindo estes e sendo aqueles os que sobrevêm.

tentarei escrever neste broki, e daqui em diante, adiante, sempre em jeito de correr, sempre em correria desenfreada sem revisão aposta, desafiando-me, desafinando-me, afinando-me, testando-me, compreendendo-me mais e mais.

pego naquele texto esperado, naquele tema vicioso passado para que me exponha, para que disserte um pouco em ensaio pouco regular, em ensaio de ocasião, em prótese de agora, de supetão, como ensaísta viciado em letras, como viciado de café, de cigarro e de muito mais que tu sabes, letrista. escriba escriba escriba.

victor hugo tinha o café, byron a sua coca, borroughs tinha tudo, pessoa o seu ópio, eu tenho vicíos e uma pretensão de os juntar a uma consagração de letras. a um juntar vicío com prosa, prosa com poesia, poesia com ensaio, ensaio com peças, peças com a vida, a vida comigo, comigo contigo.

o vício é solto, o vício é necessário, o vício é chama, é flamejante, é contributivo, é uma paixão desmedida, éo vício pela vida, é o defeito de ser humano, é o ser humano, é a dose certa em ocasião de respirar, é o adormecer da ansiedade, é o despoletar das ansiedades, é o necessário antídoto para o frenesim, é o medicamento para a saudade, é o que quero agora e sempre, é o que tens também em doses catadupas e astronómicas, o teu vício e o meu, em sucessão e compreensão. dose dose. doseia. acrescenta e fere.

astronomia, planeta cigarro.
astrologia, ascendente café sobre chávena.
cardeologia, bate bate o coração por outra cerveja cerveja.
vedor, procuro com este apetrecho o melhor em mim de mim.
música, tlim tlim copo com copo, soprando na garrafa, fumegando, orquestra contínua de noites ao desafio.
actor, teatrealizo em teatro de gesto muitos movimentos não meus.
circense, orgãos malabares ruminantes, mesquinhos mesquinhos.

sou o anesteologista médico de mim próprio, tomo-me um cigarro agora mesmo, fixando-o entre os lábios para que sim, aspirando a nicotina e a podridão para de dentro de mim, decaíndo a momentos e pausas. apanho uma cerveja e trago-a sobre a boca, esófago lentamente escorregando, cevada, lúpulo e malte, balbuciando gluglu. cigarrilha lentinha fumegando, comida acompanhando. colesterol ao alto, sexo frenético de cama e tudo, sempre sempre. perco a gordura que fui ganhando em exercícios de lençol.

chega? preenchi-te? preenchi-me a mim, não o sei, talvez, lerei o discurso verborreia daqui a uns dias a ver se se cumpre. não me quero prolixo nem em tautologia existindo. quero fazer-me como um gonçalo m tavares ou um gedeão.

lerei isto depois, lerei. esqueci-me do motivo mas procuro o objectivo para o verborrear. despeço-me com um beijo grande de aqui até aí, em bazzooka suave e contínua de arremesso de beijo, puff puff, já estou.

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